26 de junho de 2018

Entrevista e Carta do novo Comodoro

Victor Polonia

Em bate-papo com o site do Caiçaras, o novo Comodoro Victor Polonia conta aos sócios um pouco da sua história, suas propostas e da relação afetiva com o clube, que considera o “playground” de sua vida. E promete utilizar as boas práticas para proporcionar “felicidade e bem-estar a todos os sócios”. Confira a entrevista e leia também a sua Carta aos sócios.

Conte um pouco da sua história pessoal.
Sou casado há quase 30 anos com a Flavia e temos dois filhos, Gabriela (20 anos) e Pedro (18 anos). Construímos juntos uma família muito unida e divertida. Adoramos viajar juntos e temos muitas afinidades. Agradeço a eles toda compreensão e apoio ao longo da vida. Ao serem informados a respeito da candidatura não ficaram muito felizes. Mas na hora em que saiu o resultado, vibraram mais intensamente do que eu. Naquele momento, além da alegria da vitória, realizei também a dimensão da responsabilidade que estava assumindo.

Do ponto de vista profissional, sempre estudei e trabalhei muito. Fiz o ensino fundamental e médio no Santo Inácio (turma de 1978), Engenharia Civil na UFRJ (turma de 1983), Pós-Graduação em Engenharia Industrial na PUC-RJ com ênfase em Administração Financeira (concluída em 1985), um MBA de Gestão de Varejo, em 1998, além de uma série de cursos de especialização. Trabalhei por três anos em Engenharia Civil, e depois assumi os negócios da família no ramo de varejo e imobiliário. Também fui sócio de uma software house e de uma confecção. Participei também por muitos anos dos movimentos associativos, sendo diretor da Associação Comercial de Copacabana e do SindiLojas.

Desde quando é sócio e como se tornou sócio do Caiçaras?
Meu pai, o ex-Comodoro Fernando Polonia (2005-2008), adquiriu o título em janeiro de 1967. Entrou no clube através de um amigo, Rodolfo Alves da Silva. Ele se encantou e se tornou associado. Nesta época eu tinha apenas 6 anos. Meu avô materno, Victor Fernandes Carreira, também foi sócio do clube por vários anos. Com 26 anos me tornei TD, e com 29 anos herdei o título do meu avô. Recentemente, minha mãe, minha irmã e eu incentivamos meu pai a escrever um livro sobre a sua trajetória profissional e social, e apesar dele ter sido um imigrante, empresário e cidadão muito atuante e de sucesso, o maior capítulo do livro foi sobre sua trajetória no Caiçaras e os amigos que fez no clube.

A família sempre frequentou o clube?
Muito. Meu pai tem cerca de 25 anos de serviços prestados no clube, culminando com a Comodoria em 2005 e com o título de Sócio Benemérito concedido pelo Conselho Deliberativo em 2015. Passei todas as fases (dos 7 aos 58 anos) da minha vida frequentando o clube quase que diariamente. Minha mãe também sempre foi frequentadora e guardo lembranças muito gostosas do tempo em que ela nos acompanhava para as aulas de natação e na escolinha de futebol. Meus pais incentivaram muito a ampliação de nossa família através dos incontáveis amigos que fizeram e que nós, como filhos, herdamos. Fizemos e continuamos fazendo muitos amigos por aqui e este é um legado que queremos passar também para nossos filhos e para as futuras gerações.

Pratica algum esporte no clube ou frequenta algum espaço com mais frequência?
Pratico quase tudo. Adoro praticar esportes, principalmente com bola. Joguei futebol, vôlei, tênis, futevôlei, e algumas vezes basquete. Até bocha, beach tennis e sinuca eu “brinco”.  Também pratiquei corrida, natação, musculação e spinning e eventualmente uso a sauna. Quando minha esposa reclama (com razão) do excesso, digo que minha paixão pela bola começou aos 3 anos de idade. Acho que o esporte, além de fazer muito bem à saúde, traz vários ensinamentos para o cotidiano, inclusive profissional como: saber lidar com frustrações e conquistas, importância da determinação e da disciplina, respeito aos adversários etc. E, principalmente, é uma ótima ferramenta de socialização.

Qual o significado do Caiçaras para você?
Considero o Caiçaras o “playground” da minha vida.

Você já participou de outras gestões. Como foi a experiência?
Quando meu pai fazia parte das gestões do clube, eu procurava me manter afastado. Era apenas membro do Conselho Deliberativo, onde entrei em 1994 e nunca mais saí, me tornando Conselheiro Vitalício em 2006, ainda na gestão do meu pai, que ficou muito mais feliz e orgulhoso do que eu. Tive uma breve participação como Diretor de Natação no início dos anos 1990, mas logo pedi demissão, pois tinha uma vida muito atribulada na época.

Depois que o grupo do meu pai saiu, comecei a participar mais de perto, e ser mais ativo nas questões do clube, com o objetivo de preservar conquistas. Pelo fato de eu ser um associado com fácil trânsito em todos os setores, fui convidado para me candidatar a Vice-Comodoro Geral na Eleição de 2012. Naquela época não vencemos a eleição, que também foi muito disputada, e foi uma experiência muito enriquecedora, em que fortaleci e criei muitos laços de amizade.

Quando o atual Comodoro Fernando Weiss resolveu se candidatar ao cargo, me procurou para pedir apoio e me convidar para ser o Vice-Comodoro Financeiro, por conta da minha atuação no Conselho e do meu interesse pela área. O clube na época vinha acumulando uma série de pendências judiciais, e havia muita “neblina” em relação à real situação financeira e econômica. O Caiçaras também apresentava um quadro de mensalidades altas, agravado pelas cotas extras da dívida do IPTU. O Fernando Weiss me passou a missão de estruturar a recuperação da capacidade de investimentos, possibilitando a diminuição das mensalidades. Foi uma experiência desafiadora, que produziu resultados que me deixaram muito orgulhoso. Juntando a estratégia (e execução) efetuada pelas Vice-Comodorias Administrativa e Financeira em suas áreas, com a estratégia jurídica traçada pelo Comodoro e a execução efetuada pela Vice-Comodoria Jurídica, conseguimos em dois anos reduzir o endividamento de R$ 24 milhões para cerca R$ 2,5 milhões, produzir um resultado em balanço de R$ 19 milhões, reduzir o custeio do clube em 16% em termos reais, realizar um plano de investimentos de cerca de R$ 2,2 milhões, e finalizamos o exercício com R$ 5,4 milhões em caixa. Um trabalho em equipe com resultados que considero expressivos.

Como surgiu o interesse em se candidatar a Comodoro?
Na verdade, não tinha interesse. Só aceitei ser Vice-Comodoro Financeiro por ser uma função técnica e por conta da situação do clube ser preocupante. Meu conhecimento (institucional, funcional e social) e minha formação profissional me davam segurança, que somadas ao meu apreço pelo Caiçaras me levaram a aceitar o desafio.

Desde que meu pai, hoje com 90 anos, se “aposentou” das atividades do Clube, existia uma certa expectativa em torno do meu nome para exercer a Comodoria. Isto ocorria por diversos fatores: a minha atuação no Conselho, a minha facilidade de socialização, e principalmente pelo carisma do meu pai.

Em agosto do ano passado, o Fernando Weiss me procurou me convidando para sucedê-lo. Eu recusei de “bate pronto”. Porém, ao se espalhar a notícia de que ele não iria se candidatar, somada à velha expectativa citada acima, iniciou-se um “movimento” de importantes Conselheiros e de grupos de associados se comprometendo a me garantir o suporte necessário para a campanha, e posteriormente para a gestão em caso de vitória. Este “movimento”, associado às conquistas alcançadas, ao desejo de preservá-las e ao apoio do Comodoro, me fizeram “encarar” a disputa eleitoral, que por sinal é muito desgastante, mas senti que eu deveria dar minha contribuição.
Ter ao meu lado um Vice-Comodoro como o Evandil, um dos principais incentivadores da minha candidatura, foi crucial para que eu tivesse a certeza de que poderíamos levar adiante este projeto de recuperação e renovação do clube, pois neste, e em vários pontos, compartilhamos o mesmo ideal.

Pessoalmente, qual acredita ser o grande desafio de ser Comodoro?
No meu caso particular, o desafio principal que eu me coloco é propor um estilo de gestão compatível com meu compromisso de campanha e em linha com os mais altos padrões de ética e profissionalismo, buscando cumprir com o artigo número um de nosso Estatuto que “é integrar o quadro social em perfeita comunidade, promovendo, para esse fim, diversas e frequentes oportunidades de convívio, tais como reuniões de caráter cultural, social e a prática de desportos”.

Ao ser eleito pelo quadro social, não me sinto com uma “procuração” para gerir o clube apenas conforme minhas convicções pessoais. O artigo número um é o “norte”, que nos manterá no trilho.

Acreditamos que, ao vencer a eleição, fomos escolhidos para sermos os “indutores” da transformação dos desejos do quadro social em medidas concretas que atendam a eles. Este é o principal desafio: atuarmos em direção ao “vetor médio” dos desejos dos associados, sem, contudo, abandonar os fundamentos básicos das boas práticas de gestão.

O segundo desafio importante é manter um grupo de trabalho de associados com alta qualificação, coeso e em torno dos princípios e propostas assumidos diante do quadro social ao longo da campanha.

Quais suas principais propostas para o clube?
A elaboração de um Plano Diretor de Investimentos de longo prazo, a ser elaborado com ampla participação do quadro social; negociar uma solução definitiva para a aquisição do 1/3 da ilha pertencente ao Estado; transformar o clube em um autêntico resort, proporcionando a todo o quadro social uma série de atividades, aproveitando as excelentes instalações ofertadas pelo clube; integrar o clube como um todo, “derrubando os muros” que separam os diversos setores existentes; criar um marco regulatório de “compliance” que mitigue os riscos de decisões equivocadas de qualquer gestão; criar uma estrutura funcional eficiente, moderna e capacitada para executar o direcionamento dado pelas gestões eleitas.

Na gestão anterior, seu trabalho como Vice-Comodoro Financeiro obteve muitos elogios. Nesta gestão, as questões financeiras também terão prioridade?
As questões financeiras são sempre muito importantes por dois fatores: uma gestão financeira bem-sucedida aumenta consideravelmente as possibilidades de sucesso de uma Comodoria; e o controle (ou corte) de custos é uma tarefa que precisa ser exercida com disciplina diariamente. Existe um ditado antigo que diz: “custo é igual barba (ou unha), se você não cortar com a frequência necessária, ele crescerá naturalmente”. No início desta gestão que se encerra agora, a questão financeira era realmente uma questão prioritária, pois havia uma situação que exigia um “estado de alerta” em relação a ela. Na situação atual, nosso objetivo é utilizar as boas práticas para proporcionar ao quadro social o principal dividendo de um clube: trazer felicidade e bem-estar a todos os sócios.

Que outras áreas acredita que merecem especial atenção neste mandato?
Nosso foco de atuação é apenas um: o quadro social!

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Carta do futuro Comodoro aos sócios

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