21 de dezembro de 2018

Henrique Saraiva, sócio do Caiçaras, é campeão mundial de surfe adaptado

Superação pessoal e solidariedade são as palavras que melhor definem a trajetória de Henrique Saraiva, sócio do Caiçaras desde o dia em que nasceu. “Nasci em 1979, ano em que meus pais compraram o título”, conta.

No clube, ele brincou e fez todas as atividades disponíveis durante a infância e a adolescência: tênis, futebol, natação, vela. “Participava de todas as competições pelas equipes do clube. O esporte sempre foi uma parte essencial da minha vida”, diz.

Até que uma fatalidade desviou o percurso de Henrique. Aos 18 anos, pedalando na Lagoa em direção ao Caiçaras, ele foi vítima de um assalto. Levou um tiro que ocasionou uma lesão medular e ficou sem os movimentos das pernas. Em 2001, após inúmeras cirurgias e fisioterapia, o surfista profissional e amigo Marcos Sifu, o convenceu a retornar a surfar com uma prancha de kneeboard (surfe de joelhos).

Hoje, Henrique, que caminha com o auxílio de muletas, é motivo de orgulho nacional. No último dia 16 de dezembro, sagrou-se campeão mundial de surfe adaptado na categoria AS-2 (no Surfe Adaptado, são seis categorias no total, definidas pelo tipo de deficiência de cada atleta), em disputa realizada em San Diego, na Califórnia (EUA). A competição é uma realização da International Surfing Association (ISA).

No ranking das equipes, o time brasileiro ficou com a medalha de prata, atrás apenas dos Estados Unidos. O Brasil é destaque no surfe adaptado, colecionando o bicampeonato de 2016-2017. “Individualmente, foi meu primeiro ouro. Nos outros dois anos, trouxe uma prata e um bronze. É uma conquista muito grande, é como mantenho o esporte e as competições na minha vida”, diz o atleta que, além dos treinos sobre a prancha, ainda pratica natação e musculação no Caiçaras.

A experiência pessoal fez Henrique ir além na compreensão do que é ser uma pessoa com deficiência. Junto a amigos, ele fundou a Adaptsurf, uma associação não-governamental que ensina surfe a pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida e luta pela acessibilidade nas praias. “Nosso foco não é apenas estimular o esporte, que é essencial na vida de todo mundo, mas também viabilizar a acessibilidade nas praias, permitir que um cadeirante, por exemplo, chegue ao mar e possa entrar na água com toda a dignidade”, explica. “A gente tira a pessoa com deficiência da posição de observador, que fica no calçadão só olhando os outros curtirem a praia. Temos soluções de acessibilidade (como uma esteira sobre a areia e cadeiras anfíbias) e pessoas treinadas para viabilizar o banho de mar”, explica.

Aos sábados, a equipe da Adaptsurf está na Praia da Barra e, aos domingos, na Praia do Leblon. O projeto é gratuito e aberto a todos os interessados, mas é bom agendar a visita com antecedência, para evitar os horários mais movimentados. O contato pode ser feito pelos telefones 2239-1737 ou 99305-7707 e pelo e-mail contato@adaptsurf.org.br. Para conhecer mais sobre o projeto, o site é adaptsurf.org.br.

No Caiçaras, acessibilidade também é prioridade. Clique aqui e saiba mais sobre o novo banheiro adaptado já em uso e sobre o elevador de transferência aquática móvel que chega ao clube em janeiro.

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